quarta-feira, novembro 6

Brindes da 'Série Fonseca' oferecem sacrifício do Dragão à Mãe-Rússia

Já não surpreende ninguém que este FC Porto comece os jogos de forma dominadora e que depois ofereça os pontos necessários a uma qualificação que ainda não está perdida mas que, provavelmente, escapará por entre as más decisões de um treinador que conseguiu contaminar uma equipa outrora bem segura de si. O empate (1-1) em São Petersburgo foi (só) mais um capítulo na longa lista de erros colectivos e individuais de um FC Porto demasiado imberbe para uma competição que tem como requerimento obrigatório equipas de barba rija.

Não que o Porto comece mal os jogos, porque não começa, mas porque esse gás não dura muito - muito por culpa da falta de carburador. Chamemos-lhe, aqui, colectivo ou, mais ironicamente, equipa que forma um sistema táctico que o treinador pretende a todo custo forçar a uma realidade que não se compadece com contenções. Contra o Zenit, Paulo Fonseca insistiu em atacar, e defender, com menos um jogador - tal como em todos os outros jogos da época. E se as características, e ambição, dos jogadores ainda vão disfarçando, de quando em vez, a falta de coragem do técnico, as exibições da equipa pedem que o duplo-pivot desapareça e dê lugar a um triângulo invertido que permite que o Porto jogue e recupere a bola mais subido no terreno - ficando, por consequência, mais perto da baliza do adversário.

De facto, só Paulo Fonseca continua a acreditar que, por exemplo, o Zenit não tenha dado 45 minutos de avanço aos portistas. Demasiado recuados no terreno, os russos deixaram o FC Porto instalar-se no seu meio-campo e lá sucumbiram à jogada que mais sucesso tem dado nas cambalhotas europeias desta 'Série Fonseca': Danilo sobe pela ala direita e encontra a chegada à área de Lucho.

E tudo parecia tão bem como quando se enterra a cabeça na areia e não se quer ver que, a partir daí, será sempre a descer. Desta vez o já habitual 'brinde' da defesa portista demorou mais que em Belém, mas não por muito. Cinco minutos bastaram para que a equipa não aguentasse a pressão e para que Helton desse a habitual 'casa' na Champions. E aqui com um cúmplice. Também Alex Sandro se viu ultrapassado por Hulk na jogada que deu o golo do empate ao Incrível.

Demasiados erros para uma equipa que mesmo tendo no sangue o ADN de outras conquistas, se esmorece na falta de coragem de um sistema táctico que as câmaras de TV confirmam quando apanham Defour constantemente a... 40 metros da baliza adversária. Já para não falar que é Fernando o elemento mais atacante do aberrante 'duplo-pivot'. Será preciso dizer mais? Será.

É que Spalletti decidiu que o Zenit não mais jogaria passivamente a ver o Porto circular a bola e, depois da intensa pressão dos russos operada durante toda a segunda metade, os dragões sentiram imensas dificuldades para sair a jogar. Que o diga Otamendi que achou que todas as ofertas que ele, e a equipa, têm dado durante a ainda curta época eram ainda poucas, e na mesma jogada, aos 51', conseguiu entregar a bola a um adversário e depois cometer um penálti claro (braço levantado na área).

Mas quando nem a defesa de Helton à grande penalidade de Hulk levanta o moral é porque a questão não vem mesmo do reino mental mas sim de uma ideia sem 'rei nem roque'. Paulo Fonseca assistia impávido a um FC Porto dominado e passivo (em todos os momentos do jogo) e só aos 75' (!) resolveu libertar Josué do sacrifício que é, para um médio de raíz, jogar preso a uma ala. Mas mais impressionante do que isso é que Fonseca acabou por nem gastar as três substituições (a saída de Lucho por Ghilas foi a última, aos... 86'), o que faz pensar que na cabeça do técnico tudo estava como previsto e mais não dava para fazer com o plantel que tem à disposição.

Daí que com essa ambição - revelada desde a atitude dos jogadores, ao seu nervosismo, passando pelas amarras tácticas e pelos erros infantis - talvez não seja demasiado castigo esta equipa ficar-se pela Liga Europa ou até por meio ano sabático. Isto para o treinador, porque para os adeptos o epíteto 'erro de casting' há muito que circula pelas suas bocas. E o tempo, esse, requer uma de duas coisas: ou evolução ou o desmoronar do castelo de cartas. E o mesmo começa a escassear para a primeira hipótese...

Zenit-FC Porto, 1-1 (Hulk 28'; Lucho 23')

Foto: UEFA


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4 comentários:

Hugo disse...

Nada a fazer e vamos parar à Liga Europa. Por outro lado se melhorarmos um bocado podemos chegar até à final, pois são poucas as grandes equipas nesta Liga Europa.
Lazio,Fiorentina,Tottenham,terceiro classificado do grupo do Arsenal,Benfica.

Peyroteo disse...

O Porto tem mais hipóteses de passar que o Benfica mas a situação também não é nada famosa. Se o Zenit vence as reservas do Atlético, acabou-se...

Gonçalo disse...

Marco, tens razão em tudo o que escreves. A falta de concentração daquela defesa é assustadora e a falta de coragem para o treinador mexer na equipa (antes e durante o jogo) é no mínimo preocupante. Ainda está tudo em aberto e lideramos o campeonato, mas estamos longe da alegria e da felicidade.

João Fagundes disse...

Desculpem lá mudar a agulha, mas estou incrédulo com o comunicado do fcp sobre a estátua do cosme damião.

Não pelo teor do mesmo, com o qual até concordo, mas pelo facto de ter sido o "insuspeito" fcp a fazê-lo.

é que se fazer uma estátua daquelas neste momento é, de facto, insultuoso para a generalidade das pessoas que passam por dificuldades, o que dizer das benesses que o mesmo fcp recebeu de mais do que um município, com Gaia à cabeça, para, por exemplo, fazer um centro de estágios? hein?

Não havia gente em dificuldades na altura? Ou acham que o que o fcp paga mensalmente o suficiente para amortizar aquele investimento??? Têm ideia quando isso vai acontecer???? Ou, de facto, é assumido por todos que o fcp está acima da lei, das restrições financeiras e do bom senso?

A sério, não há nenhum portista que se envergonhe destas merdas e venha a público dizer o óbvio? - "Ò pá, pelo menos ficavam calados... porra!"