quinta-feira, fevereiro 6

Sulejmani escreveu 'certo' por linhas fechadas

Um ponto prévio à análise deste Penafiel-Benfica, que contou para os quartos-de-final da Taça de Portugal, terá sempre que ter em conta não só a discussão entre estilos de jogo, como o grau de dificuldade que se pode ter a replicar um estilo ofensivo ou um estilo defensivo. E para isso convém lembrar que cada um deles não é totalmente ofensivo ou defensivo. Ambos implicam sempre outros momentos que não aquele em que se pretende passar mais tempo, e, neste caso, tanto o Penafiel contemplou, ainda que muito pouco, o momento ofensivo do jogo, como o Benfica teve em atenção o defensivo. Mas a realidade de nova batalha de estilos - tanto em voga em Portugal - trouxe um Benfica à procura da vitória e um Penafiel a tentar segurar ao máximo... o empate. 


E com isto não queremos dizer que o Benfica fez sempre bem e o Penafiel sempre mal. Aliás, aos encarnados - que se apresentaram em poupança para o dérby (fazendo alinhar, entre outros, André Gomes, Rúben Amorim, Sulejmani, Djuricic, Caveleiro e Cardozo - titular 88 dias depois) - faltou sempre criatividade e ideia para jogar entre as linhas fechadas do conjunto penafidelense. Assim, a equipa de Jorge Jesus teve a bola mas só conseguiu criar situações de algum perigo na primeira-parte, por via da sua supremacia individual. Fosse com Cardozo (9'), Jardel (10'), Sulejmani (12') e André Gomes (16'), a partida representou sempre a mais-valia dos jogadores encarnados em relação aos líderes da II Liga.

Consequentemente, se haveria coisa que pudesse equilibrar tal facto essa era a táctica. Daí que Miguel Leal tenha tentado sempre que 10 dos seus jogadores fechassem o espaço ao Benfica, deixando sempre mais solto o desacompanhado avançado (Caballero na primeira-parte e Guedes na segunda) na tentativa de segurar as bolas que fariam a equipa subir. Algo que aconteceu pouco e que remete a estratégia do Penafiel para a manutenção de um empate que, ironicamente, haveria de ser desfeito pelo já referido capítulo das individualidades. Sulejmani foi sempre o mais hábil jogador encarnado em campo e como Jesus nada fazia para jogar entre as linhas cerradas do Penafiel (Djuricic foi uma nulidade e Jesus decidiu abrir ainda mais os alas com Rodrigo, Lima e Markovic em campo), o sérvio teve de achar sozinho espaço para facturar. E essa podia ser uma daquelas jogadas em que a força do colectivo foi evidente mas, pelo contrário, na esquerda, Sulejmani teve de, sozinho, romper pelo meio e achar espaço para bater Coelho.

Daí que toda esta discussão pudesse ser muito mais benéfica para os dois treinadores, num nulo que se manteve 84 minutos por Miguel Leal fazer dos seus dois extremos... laterais, e por Jorge Jesus nunca ter 'obrigado' a equipa a forçar por entre as linhas do Penafiel. Ainda assim, contemplar-se-á sempre mais a estratégia encarnada pela procura de uma vitória que contempla também a bola no pé. É de lembrar então, por isso, que o jogo se chama futebol e não 'sembol', daí que Sulejmani tenha mesmo escrito 'certo' pelas linhas deste Penafiel-Benfica que leva a que os encarnados tenham encontro(s) marcado(s) com o FC Porto nas meias-finais da Taça de Portugal (26 de março e 16 de abril).

Penafiel-Benfica, 0-1 (Sulejmani 84')

Foto: Lusa


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1 comentário:

J. disse...

Bom jogador este Sulejmani. Talvez o melhor dos sérvios que o Benfica foi buscar no inicio desta temporada.