sábado, dezembro 13

Simples! vencerá o menos teimoso


Se já vem apelidado de Jogo do Ano é porque dispensa apresentações. Mas será bem assim ou valerá a pena compreender as razões que fazem do Porto-Benfica de domingo o jogo que marcará a época? É que se excluirmos o chavão que reza que o próximo jogo é o mais importante, que outros argumentos levarão a que os próximos jogos - ou pelo menos a jornada 14, jogada ainda em dezembro - não sejam tão ou mais importantes que o Clássico? Vai outro chavão? São três pontos, não? Mas, conclusões semânticas à parte, qualquer confronto entre águias e dragões vale, por estas alturas, mentalmente o seu peso em 'ouro'. Isto porque qualquer deslize invalidará na opinião pública e própria aquilo que 'se andou a fazer' até 14 de dezembro. Uma vitória implicará uma saída em ombros. Uma derrota implicará uma saída envergonhada e difícil de digerir. Isto, nem que as equipas estejam bastante próximas uma da outra em termos de qualidade.

Já assim foi no clássico do título em 2013. Dois dos melhores conjuntos portugueses da década decidiram o trabalho de uma época nos detalhes. Já nos princípios de 2014, a diferença dos encarnados para a concorrência foi tão desnivelada que qualquer encontro imediato só serviu para confirmar uma ideia que se tornou patente em todos os outros jogos: o Benfica era demasiado superior à concorrência e tratou de o provar na Luz não dando hipóteses a FC Porto e Sporting. Daí que os clássicos sejam 'utilizados' para se aferir a supremacia de uma equipa em detrimento da outra. No Dragão não será diferente, quando pelo seu relvado águias e dragões mostrarem as suas valências e incapacidades.

Mas, então, o que será que esta nova edição trará diferente? Bem, desde logo, o regresso do 'melhor Benfica' ao anfiteatro do FC Porto será uma realidade. Se na passada época Jesus protegeu sempre o seu 'onze de gala' nas idas ao Dragão, desta vez Gaitán e Enzo não se poderão esconder. Já lá não estão Oblak, Garay e Markovic, mas estarão lá, certamente, Talisca e Jonas, no confronto que também marcará o regresso de Jesus a uma indefinição ideológica. É que se lembrarmos que até com segundas-linhas o Benfica deu, na passada terça-feira, uma lição de como bem defender frente ao Bayer Leverkusen, não será de duvidar que o controle defensivo será uma das valências que se vislumbrarão nos encarnados. Porém, será a arte de bem defender suficiente para triunfar no Dragão?

Mesmo que não se saiba, tudo parece apontar para que organização defensiva seja um momento-chave no plano de JJ. O empate ser um resultado que mantém distâncias parece também confirmar a hipótese. E se, quisermos ir ainda mais longe, a pouca capacidade dos azuis e brancos para jogarem 'entre-linhas' - no interior do bloco adversário - parece manter o timoneiro encarnado bem confortável em relação a passar a maior parte do jogo sem bola. Contudo, também assim foi em maio de 2013 e a ideia acabou por ver-se traída no último suspiro portista. E assim sendo, outra  questão essencial (se Jesus apostar mesmo numa dinâmica mais conservadora) acabará por ser mesmo se este FC Porto tem a capacidade para contornar a boa organização do campeão nacional.

Sabe-se que o Porto de Vítor Pereira tinha. Mas sabe-se também que esse é um Porto que já faz parte do passado e que só no Museu pode ser revisitado. No entanto, uma espreitadela aos processos dos bi-campeões (não incluímos aqui a época de AVB pelo facto do modelo ser diferente) sugerem que o futebol actual, de Lopetegui, é bem distinto do 'Porto VP'. Desde logo pelos processos defensivos e, desde logo também, pelo facto dos processos ofensivos não permitirem que a defensiva seja tão organizada. Sim, o futebol é como um todo. E neste caso a hiperbolizada largura do 'Lopi Team' não deixa a equipa encurtar o campo ao adversário e com isso proteger a sua linha defensiva das transições adversárias. Não é um FC Porto incompetente nesse aspecto, mas também não é um 'Porto 5 estrelas' como aquele que dançava entre todos os momentos do jogo com uma confiança notável. Daí que seja pertinente afiançar que quanto mais a estratégia de Jesus visar recuperações 'altas' (mais perto da baliza de Fabiano) mais o Dragão pode sofrer, da mesma maneira que quanto mais Lopetegui visar o jogo-interior mais hipóteses terá o FC Porto de destapar caminhos até à baliza de Júlio César. Duas teimosias de cada timoneiro com o futebol a oferecer hipótese de redenção. Ainda dizem que ele é injusto...

1 comentário:

Jorge Borges disse...

É um off-topic, mas não posso deixar de sublinhar. Até pensei que era ironia: "cruzada demagógica, populista e irresponsável de Bruno de Carvalho". Foi mesmo LFV que disse??? Há lata para tudo!!!

Quanto ao jogo, sendo de tripla, penso que grande parte dos problemas para o Benfica poderão advir do medo com que JJ joga no Dragão. Se for um Benfica respeitador, mas com a sua matriz de identidade, poderemos estar mais perto de um bom resultado. Se for o Benfica medroso de JJ quando joga naquele estádio, então vamos passar mal, muito mal. JJ pode ir buscar o seu exemplo do ano passado (atípico relativamente aos últimos anos), ou mesmo o de Marco Silva já esta época nos duelos contra o Porto.